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A quem interessa a desigualdade social?

Se alguém não tinha ideia do tamanho da desigualdade que assola o Brasil, a pandemia deixou tudo muito às claras. De março de 2020 para cá, estatísticas que povoam os jornais se materializaram na nossa frente

Se alguém não tinha ideia do tamanho da desigualdade que assola o Brasil, a pandemia deixou tudo muito às claras. De março de 2020 para cá, estatísticas que povoam os jornais se materializaram na nossa frente. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é o nono país mais desigual do mundo. Baseado nos parâmetros do Banco Mundial (Bird), o estudo mostrou que de 2012 a 2019, a quantidade de pessoas que estão na miséria passou de 6,5% da população para 13,5%, o que representa 13,6 milhões de cidadãos brasileiros. E nem existia Covid-19 ainda! 

Durante a primeira Matriz onda da pandemia, no primeiro semestre do ano passado, mais de 30% dos 211,8 milhões de brasileiros tiveram de ser socorridos na etapa inicial do auxílio de R$ 600 aprovado pelo Congresso, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em julho de 2020. Cerca de 68 milhões de brasileiros na primeira fase e cerca de 57 milhões na segunda rodada, a partir de setembro, quando o auxílio foi reduzido para R$ 300.

Quando a economia do mundo parou muita gente teve a oportunidade de avaliar o quanto a desigualdade é um desastre para todos. Ela, que tira oportunidades dos que estão na base da pirâmide, também tira lucro das camadas mais altas por menos que isso pareça verdade.

E é justamente do maior exemplo de capitalismo da história, os Estados Unidos, que nos chegam argumentos que mostram o quanto a IGUALDADE pode ser lucrativa. O estudo “The economic gains from equity” foi publicado em 9 de setembro pelo Brookings Papers, da Brookings Institution. As autoras consideraram uma série de indicadores para trabalhadores entre 25 e 64 anos, e calcularam como a desigualdade afetou o crescimento da economia nos últimos 30 anos.

A conclusão estarrecedora é que a desigualdade no emprego, educação e renda custou à economia norte-americana 22,9 TRILHÕES DE DÓLARES desde 1990 nos Estados Unidos.

No relatório final as autoras escreveram: “A oportunidade de participar da economia e ser bem-sucedido com base em habilidades e esforços está na base da nossa nação e da nossa economia. Infelizmente, barreiras estruturais têm, persistentemente, interrompido essa narrativa para muitos americanos, deixando o talento de milhões de pessoas subutilizado ou à margem. O resultado é menos prosperidade não só para os afetados, mas para todos”.

É certo que as realidades de Brasil e Estados Unidos são muito diferentes, mas, ainda assim, vale a comparação. Na verdade, podemos inferir que a situação no Brasil é muito mais grave. Estamos historicamente em um círculo vicioso, em que a desigualdade alimenta o subdesenvolvimento e esse resultado torna a desigualdade ainda mais severa e cruel.

A ideia do mérito como solução é, no mínimo, ingênua diante de todos esses números e do próprio depoimento das autoras norte-americanas. Faço parte de um meio social com muitas histórias de superação, mas todas elas partem de uma base mínima de educação e apoio da família e da sociedade. Mas o mundo é bem maior que a minha bolha.

Nessas horas me lembro daquele meme que vive rodando nas redes sociais: “Ideia para um reality show: colocar vários gurus de “motivação-superação-pensamento-positivo” num bairro carente para morar em um barraco, cuidar de três filhos, trabalhar 14h horas por dia, ganhar um salário mínimo e pegar quatro ônibus por dia. O que ganhar um milhão primeiro, ganha!”. 

A historinha me faz refletir e rir, mas um riso nervoso, de quem considera que precisa se abrir mais para entender a realidade que é de todos nós enquanto membros de uma mesma comunidade, chamada Brasil. 

Muitas vezes é difícil para mim entender como alguém se conforma com pouco. Questionar se falta ambição às pessoas. Não, não são elas que se conformam, nós é que não entendemos as condições objetivas de quem enfrenta a desigualdade do lado roto da corda. A ambição de muitos é a própria sobrevivência e de sua família.

Muita gente deve estar se perguntando porque fulano ou sicrano conseguiu romper essas barreiras e os outros não. Perceba que a coisa é tão difícil que conseguimos fulanizar, contar nos dedos e usar como história exemplar aqueles que conseguiram. Entenda que eles são – aí sim, por seu mérito e, talvez, alguma ajuda improvável – a exceção que confirma a regra.

Não, nem todos os seres humanos podem fazer tudo o que quiserem. O caminho é bem mais longo e árduo para muitos. Se nos entendêssemos como comunidade e como está no preâmbulo da nossa Constituição: “uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos”, seria bem menos difícil. 

Autor: Claudia Elisa Soares

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